Mulheres em luta!

 

 Por Jordana Machado

 

 

Em mais de 200 escolas espalhadas pelo estado de São Paulo; que desde novembro estão sendo ocupadas por estudantes secundaristas contra as “reorganizações”, arbitrariedades, assédio moral e sexual e repressões vindas a mando de Geraldo Alckmin; temos visto na linha de frente da luta e organização uma figura destacada, consagrada, histórica e poderosa: a presença das mulheres.

 

No cenário nacional, desde a época dos jesuítas até hoje, a questão da escolarização das mulheres no país passou por diversas transformações. Antes as mulheres eram proibidas de frequentar o sistema educacional formal, e tinham sua “educação” realizada em casa e direcionada para o aprendizado dos afazeres domésticos; sendo uma vida nos conventos a única possibilidade de aprender a ler e a escrever. Hoje o que vemos é a figura das mulheres como maioria nos bancos escolares e nas salas de aula do ensino superior, o que ainda é insuficiente, visto os filtros sociais e raciais que ainda permeiam esse ingresso.

 

O sistema capitalista construiu os espaços que as mulheres poderiam estar; construiu ideias sobre o que elas poderiam ou não ser, sobre o que elas seriam ou não capazes de fazer. Dentro de casa, cozinhando e lavando, sendo levadas a acreditar que nasceram pra cumprir somente estas tarefas, em silêncio e obedientes; é desta forma que o capitalismo; ou seja, a forma como a sociedade é organizada, através da educação que faz as coisas como são parecerem naturais e “normais”; utiliza a figura da mulher para a manutenção da estrutura social. Jogando em suas costas as múltiplas jornadas de trabalho que acabam sobrecarregando mais e mais as mulheres trabalhadoras, os patrões são isentados de arcarem com despesas e responsabilidades que são parte do trabalho, sendo estas transferidas para os lares.

 

As mulheres são perseguidas e estereotipadas quando se apropriam de espaços e atuações que não correspondem aos moldes das convenções sociais destinados a elas. Quando uma mulher impulsiona movimentações políticas em seu local de trabalho, em seu bairro e local de estudo, ou entre seus familiares e amigos; quando uma mulher questiona e luta contra as imposições sociais que restringem seu ir e vir com segurança e liberdade, que limitam seu poder de escolha referente a seu próprio corpo; quando uma mulher negra, em defesa de sua escola, lidera um bloqueio em uma das avenidas mais movimentadas da capital no horário de pico, ideias como a fraqueza e a inabilidade das mulheres para lidar com questões e assuntos da esfera pública, junto as instâncias como o sistema e o estado explorador e o patriarcado opressor que são responsáveis por solidificar esse tipo de imagem; tremem e são postos à prova.

 

Entre as mulheres que estão apoiando ou compondo as ocupações das escolas estaduais, temos estudantes, funcionárias, professoras e mães. Todas estão dando verdadeiras lições de organização e de prática de questionamentos que envolvem limitações sociais impostas as mulheres como: dividir as tarefas das ocupações igualmente entre homens e mulheres, lutar contra uma “reorganização” que, dentre muitos malefícios, obrigaria que mulheres tivessem seu caminho de ida e volta da escola alterado, contribuindo assim para o aumento da insegurança; e realizar debates, conversas e intervenções artísticas que abordam o machismo, a cultura do estupro e a violência contra a mulher.

 

A luta das mulheres foi pioneira em diversos momentos da história. Sua presença, força e operação são indispensáveis para se obter vitórias sobre direitos coletivos, e acima de tudo, para a emancipação humana da exploração.

 

MULHERES OCUPADAS!

RETIRADA IMEDIATA DO PROJETO DE REORGANIZAÇÃO 

FORA ALCKIMIN

EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA! ESTATIZAÇÃO TOTAL DA EDUCAÇÃO, SOB CONTROLE DOS ESTUDANTES, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS E COMUNIDADE!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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